Crackolândia
Para salvar do inferno da droga mais mortífera.
As “cracolândias”
Rio – ‘Bem-vindos ao inferno”. A frase aparece pichada na parede de um muro, logo na entrada da cracolândia da Vila do João, próximo à Avenida Brasil, e ainda mexe com os brios do padre italiano Renato Chiera, 71 anos.
Conhecido pelo trabalho de resgate das ruas de crianças e adolescentes na Baixada, o padre, fundador da Casa do Menor, em Nova Iguaçu, decidiu abrir uma nova frente de luta: o resgate dos dependentes de crack. “Não é o crack que mata, mas sim a falta de amor e de oportunidades”, sintetiza o padre.
Um pequeno alívio semanal
Há cerca uns anos, ele incorporou a sua rotina uma visita semanal — às quartas-feiras — aos dependentes químicos que habitam as margens da Avenida Brasil. “Nunca, em 35 anos de luta ao lado dos excluídos, vi uma degradação deste tamanho”, emociona-se, ao falar do que encontra.
Acompanhado de equipe de voluntários, que inclui médico, técnicos de enfermagem e psicólogos, o padre acolhe um a um. “Eles querem ser abraçados, não têm família. Neles, eu vejo Deus”, diz.
Em dois anos, Padre Renato conseguiu recuperar 30 crianças e adolescentes que eram viciados. A receita do padre é trabalhar com amor, pois, como diz, muitas vezes é isso que falta aos que sucumbem à droga. Além do trabalho em Nova Iguaçu, ele se dedica aos viciados que vivem à beira da Avenida Brasil.